quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Boa viagem

Não há lugar para onde correr, a vida é assim. Se você é o que é hoje, é porque foi tudo que já foi um dia. As mudanças, quando precisam acontecer, sabem como nos encontrar. Então, pode continuar. Você está no caminho certo, tenho orgulho de si e não se arrependa de nada. Porém, caso de arrependa de algo, se perdoe, pois assim, o erro se transforma em estímulo para evitar que ocorra outras vezes. O foco da sua vida é você mesmo. A meta da sua vida é a sua paz interior. Então, sempre se mantenha em mente. Enfim, se queremos ser livres, primeiramente devemos nos abastecer no desejo de nos transformar. Devemos parar de sofrer pelo que temos e pelo que não temos. O sofrimento vem da intensidade do relacionamento com algo ou alguém. Assim, quando algo ou alguém tem que ir embora de nossas vidas, não alimentamos a ilusão da perda. O apego embaça, o que deveria estar claro. Porque sempre atrás de uma perda, estará o ensinamento de que algo melhor para nossa vida precisa entrar. Se não abrimos as portas para as coisas velhas saírem, como as novas poderão entrar? O ensinamento antigo não nos serve mais, já crescemos o suficiente com ele. Ele precisa do espaço para coisas novas. A gente aprende com a dor, o que a felicidade não pode ensinar. Está ai um mal necessário: a renovação.

"Perdeu-se uma mala, com diversas expectativas dobradas dentro. Quem a encontrar, deseje-a boa viagem."

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Deserto afetivo

Mude o centro das atenções para o lugar vazio. Para a pessoa que não veio. Pior ainda: para a que não existe. É assim que eu fico, sempre, doendo, amando, esperando. No lugar vazio do sofá, da cama, do mundo. Minha sorte é o pé de coelho que na verdade, não traz sorte alguma. Meu amor é a cadeira giratória que já não gira mais. E assim, me recuso a sentar em outras e continuo vivendo entre o cansaço e o medo de cair de mim mesma. Infelizmente eu funciono assim, não sei se você já percebeu. Consigo "não te amar", e isso significa passar dias em paz, quando eu te trato bem, quando te amo. O que sobra dentro de mim, o que eu guardo no peito, é sempre o lado negativo do que mostrei para o mundo. E quando por ventura acabo te tratando mal, são dias te amando aqui dentro, nos espaços vazios que sobraram e que você nunca foi capaz de preencher. E assim vou seguindo. Tentando esconder de mim mesma, que ainda te carrego no peito. E assim, passamos sem perceber, ou até mesmo tentando esconder uma vida inteira. Só porque agora você se foi pra sempre, é que sinto que você nunca chegou de verdade. Só porque com você eu iria até a esquina e o fim do mundo, porque eu podia tudo. E agora não posso nada. Do lado de cá, eu vejo milhares de pessoas com boas intenções e inúmeros motivos para ser feliz. Mas, adivinhe onde estou? Em casa, sozinha, como se não houvesse nada lá fora. Porque é na falta que eu vivo. É na alegria enorme que sinto o tamanho do sofrimento que posso aturar. E dos sentimentos que eu não deveria sentir, mas me abasteço. E o murro que dou quando a mão vai querendo oferecer carinho. É a saudade que sinto, mas não deveria sentir. É para o lugar do qual eu fugi, que eu sempre acabo voltando. É, na falta que eu vivo. É depois do meu auge, que vem a pior queda. E quando você reclamava que eu andava estranha ao telefone, sem dar importância. Quando eu parecia não te ouvir, eu estava ouvindo todas as suas vozes e tentava dar conta de gostar de tanta gente diferente que era gostar de alguém como você. Eu imprimia tanto de você em mim, que eu precisava falar muito de mim para tentar existir além do que eu me tornava. E acabar morrendo novamente, como faço todas as vezes que me sinto viva demais. Ponto final é tanta continuação que vira três pontos finais. E vai começar tudo de novo só porque acabou. Eu já não aguento mais continuar nesse deserto afetivo, e é por isso que eu deixei tudo pra trás.