domingo, 23 de setembro de 2012

Cicatriz em relevo


Mas, o tempo passou. Seus amigos me sufocavam. Eu reclamava que você não era o mesmo, você não se importava mais. Deixou de ser meu namorado, passou a ser um conhecido enquanto outros ocupavam o seu lugar de titular. Deixou de ser conhecido, passou a ser uma ferida. Uma ferida que criou casca, a casca caiu e virou cicatriz. Uma cicatriz em relevo, pra mostrar que foi intenso e doloroso. Seu ego me sufocou, seu descaso me sufocou. Meu amor-próprio apareceu. Minha coragem venceu. Nossos dias passaram a não existir mais. Era eu aqui, e você Deus sabe onde. Com essa tal distância não havia mais nós, e sim n-ó-s. E hoje, se me perguntarem, não me lembro mais como tudo terminou.

Adaptado.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Doce mistério


Estive pensando em como você se tornou parte da minha vida, da minha casa, das minhas coisas, das minhas idéias, do meu mundo e dos meus planos. Estive pensando nesse enigma que faz com que a vida da gente se encante tanto por outra vida. E sinta vontade se sorrir. E sinta vontade de escrever textos. E sinta vontade de cantar pela rua aquela canção que a gente não tinha a mínima ideia de que lembrava. Nesse enigma que faz com que a vida da gente encontre esse vida na multidão de bilhões de pessoas. E perceber que sentia saudade dela antes de conhecê-la. Estive pensando nesse mistério que você é para alguém. Ou que esse alguém é para você. Nesse clima de passeio noturno sob a chuva pelo condomínio. Nesse clima de andar de mãos dadas. Nessa paz que convida o coração a repousar. Nesse abraço que convida a alma a descansar. Nessa vontade de deixar tudo pra depois, só para saborear cada segundo do nosso momento que veio embrulhado para presente.