Nenhum dos dois precisava de palavras para saber que alguma coisa crescia naquele espaço entre nós. E tudo começou com o silêncio, afinal o silêncio sempre respondeu por nós dois. Mesmo próximos os nossos olhares estavam distantes e essa divergência denunciava o quão distante estávamos realmente. Diziamos-nos que estava tudo bem, e eu continuava lhe perguntando com a certeza de que você nunca diria nada, além disso. Alguma coisa acontecia, e sempre chamávamos de "nada". Admito que existia dias no qual eu me tornava a pessoa mais sensível, carente e chata do mundo. E nesses dias, isso era tudo insuportável. E quando eu olhava pra ti enxergava um completo estranho. Um estranho que não sabia absolutamente nada sobre mim.
Como naquele dia, que você olhou nos meus olhos e riu ao achar que aquelas lágrimas eram brincadeira. Não era. Nunca gostei dessas brincadeiras, e antes você sabia. E com o tempo eu sentia falta de muitas coisas, como dos seus telefonemas inesperados na madrugada, ou de fingir que não estava percebendo que você me observava enquanto eu dançava. Da surpresa no colégio e do seu sorriso ao ouvir coisas que eu dizia que não tinha sentido nenhum. Eu nunca achei justo ter que mudar para agradar você, mas mudei. Fui covarde e fraca. Tinha medo de decretar o eterno fim, porque eu pensava que não conseguiria ir muito além de você. Mas consegui.
Cometi o erro de me tornar dependente de seus raros carinhos. E a cada dia que passava eu ia me esquecendo de como era estar apaixonada por você. Eu te amava e precisava de você. Mas nenhum relacionamento sobrevive sem calor, paixão e admiração. Todo o meu esforço para nós dois ficarmos juntos só piorava as coisas. Eu me via fazendo coisas que eu jamais faria, como implorar indiretamente pelo seu carinho. Cobrar nunca mudou nada, não com você. Uma coisa que aprendi contigo, é que em um relacionamento, carinho e amor não devem ser como uma dívida. Tem que ser pago sem descontos ou parcelas, á vista. Agora, naquela hora ou nunca mais.