quarta-feira, 2 de junho de 2010

Só chove

Cai uma chuva gelada, densa e fria por trás da janela. Os dedos dos pés dentro da meia de lã, as mãos se aquecendo numa grande e quente xícara de café, os lábios sendo mordidos pelos dentes, um baby doll, um moletom jogado em cima, os cabelos bem amarrados, os olhos pequenos e perdidos acompanhando o desenho que a água faz na janela. Não me importo em estar assim bem despojada, só quero me sentir o máximo bem em que eu puder, embora seja improvável em plena quarta feira á noite, quando o feriado vem chegando e você nao tem ninguém. Ninguém que vá te abraçar enquanto a chuva cai lá fora, que vá acalmar a tempestade que existe dentro de você. Ninguém que ficaria ali, de graça, deitado do teu lado escutando os trovões. Por um instante você acha que isso é tão triste, que isso pode ser tão miserável e o amor parece ser uma esmola que você pede em troca de um sorriso, por mais falso que isso pareça. Frágil, o barulho da chuva, viola o silêncio do pensamento, da lembrança, da doce ignorância de planejar o futuro. Você tem medo porque vê que tem tanta lágrima por dentro, escondida, calada, tímida e um dia chuvoso e frio é tão pouco comparado a tudo que você esconde atrás de um rosto discretamente limpo e doce.

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